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domingo, 11 de março de 2012

NEURA TAMBÉM É POESIA ... (Oi?!)



..Reticências... (desculpe-me, Adriana Falcão!)

Assim Neura escreveu em seu diário, utensílio recém adquirido, após sugestão de sua analista, uma pessoa teoricamente mais sensata que as suas duas melhores amigas juntas!

“Vamos colocar pra fora essa energia toda minha filha, parece uma ogiva nuclear! Você, ultimamente, tá pensando merda demais, “bostejando” demais e o cheiro já tá se espalhando pela cidade toda! Cheiro de merda!” É... talvez ela não seja tão sensata assim.

Bem, agora a poeira abaixou, e o mundo parece ter se estabilizado... o corpo pede silêncio para se recompor dos desgastes excessivos de um feriado que começou na virada do ano passado e terminou agora (será?!) no carnaval! 
Aff, e que carnaval! Alguém anotou a placa do caminhão? Tô um lixo!

É chegada a hora da bendita reflexão: O que realizei no ano que passou e quais são os projetos para este ano?

O que fazer para engrenar de vez na minha carreira, se é que eu posso chamar de carreira?
O relógio biológico acelerando... e o tempo não pára! Será que conseguirei conciliar amor, sexo, carreira, filhos? Não, filho, filha...um só! Ah, deixa pra lá!
Será o destino final de todas nós (mulheres bem ou mal resolvidas) ter um companheiro pra chamar de seu ou será que a instituição casamento já não tem mais futuro?
E o que será de nós, mulheres desta nova era pós-moderna, pós-apocalíptica, pós-graduada, pós-sutiãs-queimados, pós-depiladas, pós-analisadas, "pós-suídas"?
Tô num momento de introspecção, inspiração, filosófico, diria até poético! Nem parece que sou eu pensando essas coisas.... será que eu fui abduzida? Incorporada? Será que eu tô possuída? Ih, possuída de novo! Isso me lembra outra coisa!!!

Foco, sua doida! Foco!

Neura vem do banheiro, já vestida para sua corridinha matinal, vai até o espelho de seu quarto e com um sorriso abertamente tolo na boca, suspira num tom de “lá.... lá-lá-ri-lá-lá” admirando as curvas que ontem eram pelancas e nesta manhã de sábado se tornaram divinas, herança notória de uma Vênus de Milo toda trabalhada nos 10km de jogging.

AH! ESTOU APAIXONADA! ... E agora? Bem, e agora...É agora!! ...Agora???!!!????...É, agora!

Neura vai até a janela. Por trás do vidro, apóia a testa e repara ao redor. reflete como tudo é efêmero, e imagina que tudo ali já estava lá muito antes dela nascer, e provavelmente, continuaria ali, depois que ela se fosse. Ela abre a janela com energia e o som caótico do trânsito abaixo logo invade o ambiente. e ela começa a tossir por causa da poluição.

Caraca, não se pode nem tentar ser mais profunda, que a vida vem e lhe soca a boca do estômago com um choque de realidade... Puuuuuuut...quiuspára!
Mas, voltando ao ponto que não quer calar: a paixão me invadiu sim, e para que neurose por isso?!

“Se vai dar certo eu não sei, só sei que nada sei, e estou feliz assim!”

E tranquila, NEURA fecha a janela, mesmo porque aquela filosofia toda já ultrapassava o limite do piegas, o vento fez com que um cisco entrasse no seu olho, já estava ardendo, o rímel não era a prova d’água, os cabelinhos novos já haviam se rebelado no alto do cocuruto, trazendo a tona seu lado afro descendente, transformando sua progressiva em possessiva, e agora só molhando com creme ou alisando com chapinha...Pohãn!!

Mas, Neura é forte, otimista e pensa, “What a hell?!”

Sua fase de aceitação supera qualquer rebeldia capilar, e ela solta o cabelo, que se arma como uma arapuca de passarinho, AFINAL ela é uma amazonas, uma selvagem da motocicleta, no SEU caso bicicleta, e ela vai com sua roupitcha (se sentindo embalada a vácuo) e sai serelepe com seu I-Pod e TODA sua energia REPRIMIDA, a caminho da Rodrigo de Freitas, a Lagoa, montada em seu alazão, seu camelo, sua magrela, plena, linda, poderosa, só no carão, e no cabelão LITERALMENTE.... 

“a felicidade é um poder. Cultive-o. Dalai Lama.” Caraca, hoje eu tô que tô! U-hu, Nova Iguaçu!

Descabelada, mas feliz nossa heroína segue pela orla, cheia de si, a cada metro um resgate da paz de espírito, pedalando, pedalando, meio distraída, meio desgovernada, meio torta, meio...Opa!Opa! CUIDADO COM A BARRACA DE ÁGUA DE CÔCO!!!

Puta-que-o-pariu!!!!!!!!!!

CATAPLEFT!  CATAPIMBA!

Lona! Neura, num pulo da gata (AVARIADA), levanta-se rapidamente.

Eu tô bem! Eu tô bem! Tá tudo certo! Não foi nada!

NEURA SE RECOMPÕE E MONTA NA SUA BIKE. ENDIREITA OS ÓCULOS DE SOL E ABRE SEU MELHOR sorriso, famoso de BOQUINHA TORTA, AGRADECE A DEUS E segue ouvindo seu I-POD, em ritmo de VIVA LA VIDA, dO Coldplay, SEU VÍCIO MUSICAL DO MOMENTO - que perdura há meses - E segue plena, CONFIANTE, PODEROSA, TENTANDO ABSTRAIR a dor na BUNDA E ADJACÊNCIAS, que À  noite vai VIR COM TUDO, mas...what a hell?! tudo bem! Tá apaixonada!!

nooooosa, quem diria que um pouco de poesia podia salvar meu dia???




LESADA!!! ANTA!!!!

GRITA o vendedor de côco lhe ergueNDO o dedo médio eMENDANDO UMA SÉRIE DE PALAVRÕES, xingaNDO até a SUA última geração...


Por Carolina Roldan

Colaboração Flavia Erthal